Efeitos trágicos da atuação do site The Intercept Brasil

DR-KIYOSHI-10-07-19

Passados mais de 30 dias continuam repercutindo perigosamente na mídia as conversações telefônicas entre o então juiz Sérgio Moro e o Procurador Delton Dallagnol acerca do processo em que o ex Presidente Lula foi condenado à pena de reclusão por três instâncias judiciárias.

A interceptação telefônica levada a efeito por criminosos, passando por cima do sigilo de comunicação protegido em nível de cláusula pétrea, está sendo direcionada pelos delinquentes aboletados em torno do referido site, para tentar alcançar um resultado trágico que poderia conduzir à eventual anulação do processo criminal condenatório de Lula, condenação essa, repita-se, confirmada por segunda e terceira instâncias.

O que os malfeitores estão querendo com o apoio da mídia é um absurdo que salta aos olhos do cidadão comum dotado do mínimo de bom senso.

As interceptações criminosas não revelaram nada que pudesse prejudicar o acusado, como por exemplo, a destruição ou ocultação de prova de sua inocência, ou a fabricação de prova do crime praticado pelo acusado. As conversações entre duas autoridades, criminosamente gravadas, giraram em torno das provas do crime regularmente produzidas no inquérito policial, o que só poderiam levar à conclusão do absoluto acerto da decisão condenatória do acusado. Em uma operação conjunta da Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário para combater o crime organizado seria muito estranho se as autoridades envolvidas não se comunicassem, ficando cada qual em seus compartimentos estanques, como querem os malfeitores do site Intercept Brasil. São tão robustas e contundentes as provas produzidas pela operação conjunta que o Tribunal Regional da 4ª Região aumentou a pena aplicada pelo Juiz Sérgio Moro.

O que é relevante é o teor das conversações ilegalmente interceptadas, todas elas no sentido de reforçar e legitimar a sentença condenatória do acusado, e não a comunicação telefônica entre duas autoridades que nada revelaram além do normal, como se de comunicação presencial tratasse. Desvia-se, com a ajuda da mídia parcial, o foco da discussão relevante – prova do crime que emerge do inquérito policial – para discussão de questões supérfluas, irrelevantes, inúteis e imprestáveis – a comunicação telefônica entre o juiz e o procurador.

Enquanto isso, os autores do crime de violação do sigilo de comunicação nem foram identificados. Aliás nem há investigação para a apuração da autoria. Apenas, os informes obtidos criminosamente estão sendo investigados em uma verdadeira inversão de valores. Primeiro deveria investigar, identificar e prender os autores do crime de violação do sigilo de comunicação que foi parar no terceiro plano.

É o fenômeno da imbecilização generalizada que vem prosperando no mundo inteiro, com o indispensável auxílio da mídia incompetente, pra dizer o mínimo.

Outro dia assisti a um vídeo do Presidente Bolsonaro dizendo que o trabalho enobrece; e disse, também, que quando criança ele trabalhava ajudando a família, colhendo bananas. E acrescentou que não estava querendo fazer as crianças trabalharem, mas asseverou que diante de um trabalho de criança todos gritam, não, porém, quando as crianças consomem drogas.

Pois bem, quase que instantaneamente a mídia começou a entrevistar pessoas ocas para vociferar contra o trabalho infantil, porque isso fere a Constituição, o ECA e as normas da OIT. Outra pessoa com mais vento cabeça acrescentou, “na minha infância eu nunca trabalhei, nem por isso consumia droga”. É, sem dúvida, o fenômeno da idiotização!

O que para um ouvinte normal é perfeitamente compreensível a fala do Presidente dentro do contexto, o anormal conseguiu vislumbrar na mesma fala a escravização da criança, bem como a alternativa entre trabalhar ou ser drogado.

É lamentável que a grande mídia esteja sempre a serviço das distorções da realidade, do desvio permanente de focos relevantes e importantes na discussão de determinados temas para aspectos periféricos sem nenhuma importância prática ou teórica, porque inúteis e imprestáveis.

Conclui-se que a nossa mídia, tal como a mundial, nada tem de construtivo, mas muito de destrutivo.

Como dito de início, a imbecilização acha-se globalizada. Por isso, o cidadão consciente deve tomar muito cuidado com os meios de comunicação de massa onde impera a babaquice.

 

SP, 8-7-19.

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