8 de Março – Dia Internacional da Mulher

8 de Março – Dia Internacional da Mulher. Parece-me um dia qualquer…

Entretanto, que beleza! Flores por todos os lados, os gentis cavalheiros não se esquecem de nos parabenizar. Pela rua, mulheres carregam lindos buquês de flores. Parecem-me todas sorrisos. Chego a ficar eufórica.

De repente, ali jogada na sarjeta, eis que, como que me apunhalando o coração alegre, vejo uma senhora com uma criança no colo, a sugar com sofreguidão aquelas tetas que nada mais do que sofrimento, frustrações, abandono, dores, vêm alimentá-la. Mais adiante, outro quadro, a velhice desamparada. Uma velha senhora, que em sua face enrugada atesta anos sofridos, atesta mágoas, atesta solidão! Agora, assim sentada naquela esquina, só sacia a sua fome quando alguém se lembra de lhe dar algo para comer!

Mulheres, mulheres! A nós até dedicaram um dia especial do ano. O Dia Internacional da Mulher! O que vamos comemorar? Comemorar a mulher discriminada, a velhice desamparada, a mulher abandonada, a mulher violentada? Nós que temos um lar harmonioso, uma família que nos ama, será que não poderíamos estender o nosso carinho, a nossa atenção para outras menos favorecidas?

Vamos, nesse ensejo, pensar e repensar nesses problemas que parecem, e o são, eternos. Vamos buscar soluções. Vamos tomar atitudes. Não adianta, nesse dia, enchermos os vasinhos de flores cheirosas, mas, vamos partir para uma luta maior, uma luta com o coração cheio de amor, fé e esperança.

Embora a labuta diária nos embruteça, a labuta daquela mulher que luta pela sobrevivência, antes pela dos seus depois a sua, daquela mulher que madruga para trabalhar fora, não sem antes, deixar tudo preparado para os que ficam em casa, daquela mulher que com carinho e abnegação se dedica inteiramente ao trabalho doméstico. Não nos esqueçamos que nos cabe, além de prover fisicamente a nossa família, um papel imenso, um papel nobre e muito digno de consolar corações sofridos, de encher de esperanças a alma desacreditada, de cobrir de amor os seres carentes e necessitados.

Nessas horas difíceis por que passa o país, o mundo, o nosso desempenho é decisivo. Não nos deixemos abater pelo desânimo. Roguemos a Deus que nos dê forças para ficarmos acima de todas as injustiças, das intransigências dos poderosos, dos erros, para podermos trazer à baila a esperança, o amor, a sensatez!

Ninguém pode se esquecer que tanto a Alemanha como o Japão se reergueram, após a guerra, com a determinação e trabalho das mulheres, mesmo porque a mão-de-obra masculina se perdeu na estupidez da guerra.

E a lei? Como encara a mulher? No intuito de protegê-la cobre-a com seus artigos, seus incisos, mas, é fria, e não raras vezes, indiferente e incapaz de ajudá-la em sua missão. Quando as famílias vivem em harmonia não há qualquer problema, mas, nas desavenças, quantas vezes, a mulher é crucificada e prejudicada.

Basta lembrarmos, que em caso de divórcio, consensual ou litigioso, com ou sem pensão, a grande prejudicada, ainda, é a mulher. Quantas percorrem o caminho demorado e difícil do judiciário para receber a pensão, às vezes nem a sua, mas de seus filhos. A par disso, na maioria das vezes, e eu só posso entender que é no sentido do mais alto altruísmo, da mais profunda abnegação, que a mulher concorda em ficar com os filhos durante a semana e o homem nos finais de semana alternados ou não. Ela fica com os mais duros encargos, porque é durante a semana que a rotina da vida dos filhos faz dela aquela que só dá ordens, que cobra, que fica brava, enquanto o papai os leva ao McDonald’s, aos shoppings e compra presentes! E, na maioria das vezes trabalha fora para enfrentar os gastos da família, tanto quanto o homem. Quer nos parecer que, neste aspecto, a situação da mulher é bastante injusta. O que é muito bom, é que nos dias de hoje, já estamos notando profundas mudanças na relação marido/mulher, quer pela conscientização de ambos, quer pelo fato de a mulher estar trabalhando fora e concorrendo em igualdade de condições com o homem, e, consequentemente, os encargos domésticos e a assistência aos filhos passam a ser compartilhados.

Nós que temos o nosso lar harmonioso, marido e filhos maravilhosos, acreditem, somos privilegiadas e abençoadas. Assim, nas dificuldades não esmoreçamos, porque elas existem e existirão, entretanto, enfrentemos todas as dificuldades que surgirem com aquela força interior de leão que possuímos, pincelemo-na com a candura de uma flor, com a rigidez do aço e com a imensidão do amor.

Nas injustiças, não há necessidade de sairmos em passeata, de bater panelas. Mesmo caladas, tenham certeza, que o nosso silêncio é um grito alto que encontra eco no coração dos que nos rodeiam. Não nos preocupemos em nos impor, pois, a nossa condição de mulher, esposa e mãe já nos impõe. Portanto, não há necessidade de darmos ordens sem fins, de cobranças, de críticas inúteis e, em assim sendo, faremos de nosso lar, do nosso ambiente de trabalho e de nossa roda de amigos, um lugar repleto de harmonia, de amor, sem brigas, sem intrigas. Lembremos que nas brigas familiares, nas desavenças com amigos, não há vencedores, não há vencidos, são todos perdedores.

Mulheres, não pensem que caladas seremos sufocadas, mas, tenham certeza, inertes seremos massacradas. A nossa ação reside no nosso desempenho como mulher, esposa, mãe ou profissional, cheia de esperança, amor, coragem, sabedoria, porque de nós muito dependem nossos familiares, a nação e a humanidade. Exijam, de quem quer que seja, respeito.

Como derradeiro enfoque, não pensem que temos de lutar contra os homens, muito pelo contrário, nós temos que lutar com eles, por eles e por nós, e, neste particular, penso ser de muita propriedade a mensagem de autoria desconhecida que transcrevo:

“A mulher foi feita da costela do homem. Ela não foi criada da sua cabeça para não superá-lo, nem de seu pé para não ser pisada. Ela foi feita do seu lado para ser igual a ele, de debaixo de seu braço para ser protegida por ele e de perto de seu coração para ser amada por ele.”

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