por
Esther Seiko Yoshinaga
Advogada em perícias judiciais e extrajudiciais nas áreas contábil, econômica e financeira
Entre o crisântemo e a espada: reflexões sobre o futuro do Bunkyo
Sumário
Desde que tive a oportunidade de participar do Programa de Jovens Líderes Nikkeis conheci diversos projetos ligados à comunidade nipo-brasileira e, neste processo, eu pude compreender um pouco da história da imigração japonesa para o Brasil, da influência cultural, das origens e dos atuais desafios enfrentados pelas entidades nipo-brasileiras para preservação do legado e manutenção de sua função social às gerações futuras.
Um dos objetos de estudo do programa foi o relatório do Painel de Intelectuais sobre a colaboração com as comunidades nikkeis na América Latina e o Caribe, ocorrido em 9 de maio de 2017, que constatou a necessidade de alteração da dinâmica de relacionamento entre os nikkeis e o Japão, de “auxílio” para “cooperação”.
Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi pesquisar como esta relação de “auxílio” também afetou a estrutura das associações nipo-brasileiras, especialmente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), e propor reflexões para alteração do modelo de “auxílio” para “cooperação”, de forma a preservar seu legado às gerações futuras.
Do ponto de vista prático, a pergunta a ser respondida é: qual será a estratégia do Bunkyo para representar a comunidade nipo-brasileira e promover a preservação e a divulgação da cultura japonesa no Brasil e da brasileira no Japão, de forma a manter a sua viabilidade de longo prazo?
I. A relação entre a imigração e o surgimento das associações nipo-brasileiras
A imigração de japoneses para o Brasil foi motivada por interesses mútuos: o Brasil necessitava de mão de obra para trabalhar nas fazendas de café, principalmente em São Paulo e no norte do Paraná, e o Japão buscava soluções para a tensão social no país, provocada pela elevada densidade demográfica. Durante a era Meiji, o governo japonês adotou uma política de emigração, que resultou na assinatura do Tratado de Amizade com o Brasil, em 1895, e na celebração do acordo entre a Companhia Imperial de Imigração e a Secretaria da Agricultura do estado de São Paulo, em 1906. [1]
O marco inicial do processo de imigração de japoneses para o Brasil foi a chegada do navio Kasato Maru, em Santos, no dia 18 de junho de 1908. Do porto de Kobe, vieram os 781 primeiros imigrantes vinculados ao acordo imigratório estabelecido entre Brasil e Japão, além de 12 passageiros independentes, numa viagem que durou mais de 50 dias.
Entretanto, a presença crescente de japoneses provocou polêmica nas esferas executiva e legislativa, sobre a entrada de novos imigrantes. Em 1932, segundo informações do Consulado Geral do Japão em São Paulo, a comunidade nikkei, que abrangia os imigrantes e seus descendentes, era composta por 132.689 pessoas, cuja maioria se dedicava à agricultura ao longo da linha noroeste do estado.
Em virtude do preconceito, das diferenças de culturas e de idiomas, os japoneses organizavam-se em pequenas associações, com a finalidade de reunir os imigrantes, os descendentes e seus familiares, para promover atividades sociais, esportivas e culturais, muitas vezes associadas à província de origem no Japão. Também era comum a existência de publicações em japonês com periodicidade semanal, quinzenal e mensal.
Em 1958, o número de japoneses e descendentes no país totalizava 404.630 pessoas[2]. Com o tempo e a união de recursos, estas associações foram formalmente constituídas e passaram a ter sedes próprias para o desenvolvimento das atividades, em locais denominados “kaikans”, em sua maioria, associados a alguma província do Japão, que, em conjunto, deram origem a um significativo patrimônio imobiliário e cultural da comunidade nipo-brasileira.
Em 24 de abril de 196[3], foi inaugurada a sede do Bunkyo, na rua São Joaquim, que, na época, ainda era Sociedade Paulista de Cultura Japonesa. Embora a maior concentração de imigrantes e descendentes estivesse localizada no estado de São Paulo, com o crescimento e a migração interna da comunidade, surgiu a necessidade de uma coordenação central dos grandes eventos voltados à comunidade nikkei, tais como a visita do príncipe herdeiro Akihito e da princesa Michiko, em 1967. Para assumir esta responsabilidade, o Bunkyo passou a ser Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, em 1968.
Em 1978, ano de comemoração dos 70 anos da imigração, que contou novamente com a visita da família imperial, num evento de recepção ao príncipe herdeiro Akihito e à princesa Michiko, realizado no estádio do Pacaembu, também foi inaugurado o Museu da Imigração Japonesa no Brasil, no prédio do Bunkyo.
Atualmente, o número estimado de cidadãos brasileiros com ascendência japonesa supera 1,5 milhão de pessoas, de acordo com dados do Consulado Geral do Japão em São Paulo e, de acordo com banco de dados fornecido pelo Bunkyo para esta pesquisa, há 546 associações nipo-brasileiras no Brasil, cuja maioria encontra-se na região Sudeste, conforme gráfico abaixo:
Figura 1 – Gráfico da distribuição das associações nipo-brasileiras por região do Brasil: Fonte: elaborado a partir de dados fornecidos pelo Bunkyo.
Das associações existentes na região Sudeste do Brasil, a maioria está concentrada no estado de São Paulo, sendo que a Grande São Paulo responde por 182 delas, ou seja, quase a metade das 384 existentes.
Figura 2 – Gráfico da distribuição das associações nipo-brasileiras existentes na Grande São Paulo. Fonte: elaborado a partir de dados fornecidos pelo Bunkyo.
Tendo em vista que a origem das associações nipo-brasileiras está ligada ao instinto de sobrevivência e preservação da cultura dos imigrantes japoneses, é possível entender a quantidade elevada de associações existentes, a maioria delas com sedes próprias. Embora as associações possuam patrimônio, composto pelos imóveis herdados desde a origem, a maioria delas enfrenta sérios problemas de fluxo de caixa, que inviabilizam até mesmo a sua continuidade.
Nesse sentido, é necessário analisar como a mudança cultural da sociedade brasileira afetou as entidades nipo-brasileiras, que é o objeto do tópico a seguir.
II. A transição do conceito de comunidade nikkei para comunidade nipo-brasileira
Decorridos 110 anos do início da imigração japonesa para o Brasil, o processo de integração de imigrantes e descendentes de japoneses à sociedade brasileira resultou numa fusão cultural tão profunda que o conceito de “comunidade nikkei” já não faz mais sentido. Esta opinião é corroborada pelo ilustre jurista Dr. Kiyoshi Harada:
“É preciso abandonar a ideia de que há uma comunidade nikkei dentro da sociedade brasileira e passar a tratar da cultura japonesa assimilada e preservada pelos brasileiros, nikkeis e não nikkeis, como dado elementar da própria cultura brasileira, que é formada por diversas culturas”.
A cultura abrange diversos elementos, como idioma, estrutura social, religião, filosofia política, filosofia econômica, educação, hábitos e costumes, sendo o idioma, muitas vezes, considerado o espelho da cultura. Nas primeiras gerações de descendentes, o ensino da língua japonesa era tão importante que os “kaikans” também exerciam a função de ensino do japonês, nos chamados “nihongakkos”. Hoje em dia, este apelo já não possui a mesma relevância, pois houve a assimilação bilateral das culturas, seja a japonesa por parte dos brasileiros, como a brasileira por parte dos descendentes de japoneses.
Logo, é preciso compreender como esta assimilação bilateral afetou os diversos elementos que compõem o sistema de normas culturais e de valor da comunidade nipo-brasileira, conforme ilustração abaixo:
Figura 3 – Os diversos aspectos da cultura. Fonte: extraído de Hisrich, Robert D.; Peters, Michael P.; Shepherd, Dean A. Empreendedorismo. Porto Alegre: AMGH, 2014, pp. 111
Este entendimento é relevante, pois a cultura reflete a transformação da sociedade e a manutenção das associações nipo-brasileiras depende diretamente do entendimento de quais seriam os elementos culturais que atrairiam as gerações atuais a participarem delas, independentemente da ancestralidade.
No passado, as associações nikkeis eram pautadas pelo conceito de “giri”, ou seja, um associado teria o dever moral de auxílio à associação da qual fizesse parte, fosse financeiro ou por dedicação e trabalho às causas defendidas, mesmo que isso contrariasse sua vontade real. O ministro Massami Uyeda[4] sintetizou brilhantemente este conceito em seu artigo:
“A inobservância do ‘giri’ poderia ser uma fonte de vergonha, uma perda de identidade, por quem não a cumprisse. Daí a razão pela qual, embora sob a ótica da cultura ocidental parecesse inadequada, inútil ou mesmo ofensivo, o ‘giri’ representava verdadeiro código de honra”.
No entanto, com o processo de assimilação de elementos da cultura brasileira pelos descendentes de japoneses, o conceito de “giri” foi se perdendo com a transformação da sociedade, de forma que sua exigência incondicionada, seja sob a forma de auxílio financeiro ou de dedicação de tempo e trabalho, já não faz mais sentido no contexto atual.
A resistência de muitas associações, que ainda se consideram nikkeis, ou seja, ainda resistem em aceitar a queda da barreira cultural entre nikkeis e brasileiros, tem provocado o esvaziamento e, muitas vezes, o perecimento dessas entidades.
Analisaremos a seguir o caso do Bunkyo que, apesar de ser uma das entidades centrais da comunidade nipo-brasileira, também tem sofrido os efeitos da transformação da sociedade brasileira e os impactos na mudança de percepção de valor de sua função social.
III. Estudo de caso: a função social do Bunkyo
Na época da fundação do Bunkyo as diretrizes básicas de suas atividades eram voltadas aos imigrantes japoneses e sua adaptação ao Brasil, conforme lista abaixo[5]:
- Organização de atividades educacionais para a confraternização e a elevação do nível cultural dos japoneses do Brasil;
- Concessão de bolsas de estudos para os nisseis, geração básica da colônia do futuro;
- Apresentação da cultura japonesa com o propósito de eliminar os mal-entendidos e preconceitos contra japoneses e a colônia japonesa, alimentados pelos brasileiros antes e durante a guerra. Incentivo ao intercâmbio cultural nipo-brasileiro objetivando incrementar as relações amistosas entre os dois países;
- Ação como entidade representativa da colônia na defesa dos interesses dos japoneses do Brasil;
- Construção de um Centro Cultural Japonês para a realização dessas atividades.
Analisando-se a atual missão, de representar a comunidade nipo-brasileira e promover a preservação e divulgação da cultura japonesa no Brasil e da brasileira no Japão, bem como incentivar e apoiar as iniciativas voltadas a esta finalidade, e os objetivos do Bunkyo, é possível perceber a transformação, tanto da sociedade brasileira, como da comunidade nipo-brasileira, em como seus reflexos nas atividades promovidas pelo Bunkyo, descritas abaixo[6]:
- Promover atividades filantrópicas e beneficentes de assistência social;
- Preservar e divulgar a cultura japonesa no Brasil, em suas várias formas de expressão, contribuindo para o enriquecimento da cultura brasileira;
- Promover, estimular e apoiar ações no sentido de proteger a família, a infância, a adolescência e a velhice;
- Preservar e valorizar a história, cultura e a contribuição do imigrante japonês e seus descendentes no Brasil;
- Promover, estimular e apoiar ações destinadas a proteger o meio ambiente;
- Divulgar a cultura brasileira dentro e fora do país, em especial no Japão, e promover o intercâmbio social e cultural entre os dois países, visando o fortalecimento dos laços de amizade entre eles;
- Estimular e apoiar a prática do esporte, em suas diversas modalidades;
- Promover estudos e debates sobre questões sociais, econômicas e políticas de interesse geral, buscando soluções;
- Realizar e apoiar atividades que promovam a ética, a cidadania e a justiça social;
- Promover e incentivar a integração das entidades congêneres entre si, e com o Bunkyo;
- Promover e incentivar atividades culturais em geral.
Embora o Bunkyo tenha alterado sua missão e seus objetivos, suas demonstrações financeiras dos últimos anos mostram sucessivos resultados negativos, que indicam que o Bunkyo, assim como outras entidades nipo-brasileiras, possui ativo imobilizado significativo, mas tem problemas sérios de gestão.
O Bunkyo está próximo de seu ponto de inflexão estratégico[7], que exige uma revisão radical de seu percurso, para transmitir claramente a visão estratégica da liderança sobre sua direção de longo prazo, de forma a reduzir o risco de decisões tomadas sem direcionamento e obter o apoio dos associados para implantar as mudanças internas necessárias a tornar a visão uma realidade, ajudando a entidade a se preparar para o futuro.
Um ponto crucial para a efetiva transformação do Bunkyo, de entidade nikkei para entidade nipo-brasileira, reside na alteração do princípio de “auxílio”, fundamentado no dever moral (“giri”), para o princípio de “cooperação” com a sociedade brasileira, de forma a admitir que qualquer pessoa que se identifique com a missão e a visão do Bunkyo, possa ser sócia, tendo clareza de quais serão os custos e benefícios de participar da entidade.
Nesse sentido, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (“SEBRAE”) define que o associativismo[8] é regido por um conjunto de princípios, que são reproduzidos abaixo:
- Princípio da Adesão Voluntária e Livre: as associações são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a usar os seus serviços e dispostas a aceitar as responsabilidades de sócio, sem discriminação social, racial, política, religiosa e de gênero;
- Princípio da Gestão Democrática pelos Sócios: as associações são organizações democráticas, controladas pelos seus sócios, que participam ativamente no estabelecimento das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e mulheres, eleitos como representantes, são responsáveis para com os sócios;
- Princípio da Participação Econômica dos Sócios: os sócios contribuem de forma equitativa e controlam democraticamente as suas associações através da deliberação em assembleia-geral.
- Princípio da Autonomia e Independência: as associações são organizações autônomas de ajuda mútua, controlada pelos seus sócios, que podem cooperar com outras entidades, inclusive governamentais, ou receber capital de origem externa, devendo fazê-lo de forma a preservar o seu controle democrático pelos sócios e manter a sua autonomia;
- Princípio da Educação, Formação e Informação: as associações devem proporcionar educação e formação aos sócios, dirigentes eleitos e administradores, de modo a contribuir efetivamente para o seu desenvolvimento;Princípio da Interação: as associações podem satisfazer as necessidades dos seus sócios mais eficazmente e fortalecer o movimento associativo se trabalharem juntas, através de estruturas locais, nacionais, regionais e internacionais;
- Princípio do Interesse pela Comunidade: as associações trabalham pelo desenvolvimento sustentável de suas comunidades, através de políticas aprovadas por seus membros.
Embora o Bunkyo não possua fins lucrativos, não deixa de ser uma entidade que integre este novo ambiente de negócios, marcado pela competição e necessidade de informação, de forma que a viabilidade financeira é essencial para que possa cumprir a missão para a qual foi criado.
Para contribuir com a reformulação da estratégia do Bunkyo, o sistema do Balanced Scorecard (“BSC”) pode ajudar a canalizar as energias, habilidades e os conhecimentos dos associados das mais diversas comissões integrantes do Bunkyo, na busca da realização das metas estratégicas de longo prazo, que constituem o ponto de referência para melhoria de todo o processo gerencial.
Figura 4 – Sistema Gerencial baseado no Balanced Scorecard. Fonte: extraído de Kaplan, Robert S. e Norton, David P. A Estratégia em Ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997, pp. 285.
O BSC é um método de planejamento e avaliação flexível que permite a mensuração de resultados não apenas financeiros, mas sob a visão integrada da estratégia, da missão, de aspectos relacionados com clientes, com processos internos e como aprendizado e crescimento organizacional. Por traduzir a missão e a estratégia em um conjunto abrangente de medidas de desempenho, o BSC pode ser adaptado a qualquer tipo de organização, projeto ou programa[9].
Os objetivos para os clientes, para os processos internos, e para os funcionários e sistemas são articulados para manutenção da viabilidade financeira no longo prazo. As metas para os departamentos, equipes e pessoas são alinhadas à realização do desempenho estratégico. As alocações de recursos, as iniciativas estratégicas, e os orçamentos anuais são orientados pela estratégia. É importante ressaltar que o BSC não elimina o papel dos indicadores financeiros, mas integra esses indicadores a um sistema gerencial mais equilibrado que vincula o desempenho operacional de curto prazo a objetivos estratégicos de longo prazo.
Esquematicamente, as quatro perspectivas do BSC, aplicadas ao contexto do Bunkyo, podem ser representadas pela figura abaixo:
Figura 5 – Esquema das 4 perspectivas do BSC aplicadas ao contexto do Bunkyo. Fonte: elaborado a partir de dados extraídos de Kaplan, Robert S. e Norton, David P. A Estratégia em Ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997
Em relação aos indicadores financeiros, outro ponto relevante está relacionado ao ativo imobilizado do Bunkyo, composto principalmente pela sede, localizada na rua São Joaquim, e pelo Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, localizado no município de São Roque, no estado de São Paulo e à sua atual capacidade de rentabilização deste capital. Atualmente, ambos os imóveis possuem baixa atratividade no mercado, na situação em que se encontram.
Para obtenção de recursos que viabilizem as reformas dos imóveis, será necessário apresentar um plano estratégico que viabilize a maximização da rentabilidade dos ativos. Nesse sentido, a constituição de um fundo de investimento imobiliário[10], que é uma comunhão de recursos destinados à aplicação em empreendimentos imobiliários, em que suas cotas representam frações ideais do patrimônio, pode ser uma alternativa que viabilize a geração de fluxo de caixa mensal ao Bunkyo.
Em contrapartida, esta solução demandaria a transferência da propriedade dos ativos ao fundo de investimento, cujas condições deverão ser discutidas democraticamente com os sócios, de forma que estejam alinhadas com a estratégia de longo prazo do Bunkyo de manter sua representatividade perante a comunidade nipo-brasileira.
IV. Conclusão
O objetivo deste trabalho foi analisar a relação entre a imigração de japoneses para o Brasil e o surgimento das associações nipo-brasileiras, então chamadas de “colônias nikkeis”, bem como trazer sugestões e reflexões que viabilizem a alteração de sua dinâmica de funcionamento, de “auxílio”, pautado no dever moral (“giri”), para “cooperação”, de forma que as entidades estabeleçam relações de custo e benefício transparentes com a comunidade nipo-brasileira, em que cada associado tenha ciência prévia e clareza sobre os benefícios e responsabilidades envolvidos na participação em determinada entidade, para que possa exercer livremente seu direito de adesão.
O Bunkyo foi escolhido para o estudo de caso por ser uma das entidades centrais da comunidade nipo-brasileira, que atualmente sofre com dificuldades de geração de fluxo de caixa, assim como centenas de outras, que compõem o total de 546 associações nipo-brasileiras existentes no Brasil.
Embora o Bunkyo não possua fins lucrativos, não podemos ignorar que sua viabilidade financeira de longo prazo é essencial para promover a preservação e a divulgação da cultura japonesa no Brasil e da brasileira no Japão.
Respondendo à questão colocada no sumário deste trabalho, acredito que a estratégia do Bunkyo deve ser reformulada, por meio do debate democrático entre todos os associados, para identificar o seu papel na comunidade nipo-brasileira e derrubar barreiras culturais entre nikkeis e brasileiros, que prejudicam a gestão eficiente de seus recursos para consecução de sua missão.
O título deste trabalho foi uma alusão à brilhante obra de Ruth Benedict, que descreveu a cultura japonesa como a relação entre o crisântemo, símbolo da beleza, leveza e paz, e a espada, símbolo da guerra, da força bruta. O Bunkyo, em certa medida, também atravessa uma fase de polarização de sua liderança e acredito que as gerações mais jovens da comunidade nipo-brasileira podem contribuir muito para encontrarmos o meio termo que garanta a sua longevidade.
V. Bibliografia
BENEDICT, R. Entre o crisântemo e a espada: padrões da cultura japonesa. São Paulo: Perspectiva, 1972.
CARDOSO, U. C; Carneiro, V. L. N; RODRIGUES, E. R. Q. Associação. Série Empreendimentos Coletivos. Brasília: Sebrae, 2014.
HARADA, K. 60 Anos de Bunkyo: Passado, Presente e Futuro. Obra Coletiva. São Paulo: Cadaris, 2015.
HARADA K. Intercâmbio Cultural Brasil – Japão. Obra Coletiva. São Paulo: Cadaris: 2016.
HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. Porto Alegre: AMGH, 2014.
Kaplan, R. S.; Norton, D. P. A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
MACHADO, M. A. V.; FREITAS, M. M. M.; MACHADO, M. R.; FREITAS, W. O Balanced Scorecard em Entidades sem Fins Lucrativos: Um Estudo De Caso. Revista de Informação Contábil (UFPE), v. 7, p. 35-54, 2013.
SAKURAI, C. Os japoneses. São Paulo: Contexto, 2007.
THOMPSON JR., A. A.; Strickland II, A. J.; Gamble J. E.Administração Estratégica, 15 ed., Porto Alegre: AMGH, 2011.
Referências
[1] Conforme dados extraídos do sítio eletrônico http://www.nippo.com.br/120anos/index.php. Consulta em 20/09/2018.
[2] Conforme dados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, disponível em https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=288309. Consulta em 20/09/2018.
[3] OI, Célia Abe. “A trajetória do Bunkyo e as comemorações da Imigração Japonesa no Brasil”in 60 anos de Bunkyo: Passado, Presente e Futuro. Coord. HARADA, Kiyoshi. São Paulo: Cadaris, 2015, pp. 59.
[4] Uyeda, Massami. Reflexões sobre o sistema jurídico japonês à luz do direito comparado in Intercâmbio Cultural Brasil-Japão. Coord. Harada, Kiyoshi. São Paulo: Cadaris, 2016, pp. 697.
[5] Extraída de OI, Célia Abe. “O nascimento de uma nova entidade” in 60 Anos de Bunkyo: Passado, Presente e Futuro. Coord. HARADA, Kiyoshi. São Paulo: Cadaris, 2015, pp. 37.
[6] Conforme informações divulgadas no sítio eletrônico do Bunkyo em http://www.Bunkyo.org.br/pt-BR/quem-somos/missao-e-objetivos. Consulta em 20/09/2018.
[7] Arthur A. Thompson Jr., A. J. Strickland II, John E. Gamble. Administração Estratégica, 15 ed., Porto Alegre: AMGH, 2011, pp. 26-27.
[8] CARDOSO, Univaldo Coelho. Associação, Série Empreendimentos Coletivos. Brasília: Sebrae, 2014.
[9] MACHADO, M. A. V.; FREITAS, M. M. M.; MACHADO, M. R.; FREITAS, W. O Balanced Scorecard em Entidades sem Fins Lucrativos: Um Estudo De Caso. Revista de Informação Contábil (UFPE), v. 7, p. 35-54, 2013.
[10] Os fundos de investimento imobiliários foram criados pela Lei nº 8.668/93 e são regulamentados pela Instrução CVM nº 472/08.