Crise Política, Rejeição Popular e Conflitos Internacionais: comentários de Kiyoshi Harada

Nessa entrevista, Kiyoshi Harada, um dos juristas mais renomados do Brasil, especialista em direito tributário e presidente do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito Administrativo, Financeiro e Tributário, aborda temas de grande relevância nacional e internacional, incluindo política, economia, segurança e reformas estruturais. Um dos principais tópicos discutidos é a recente polêmica envolvendo o ministro Alexandre de Moraes e Elon Musk, que gerou um conflito institucional entre o Brasil e os Estados Unidos. A Justiça americana rejeitou uma ação contra Musk e a plataforma Rumble, alegando que ordens judiciais brasileiras não foram formalmente encaminhadas por vias diplomáticas, o que intensificou a tensão entre os dois países.

Outro ponto de destaque é a crescente rejeição ao governo de Lula, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em São Paulo, a rejeição já atinge 63,1%, enquanto em Goiânia chega a 70%. Até mesmo estados tradicionalmente petistas, como Bahia e Pernambuco, demonstram insatisfação, o que tem levado o governo a buscar estratégias para reverter esse cenário. O entrevistado aponta que um dos fatores dessa desaprovação é a política econômica equivocada, que tem aumentado a inflação e encarecido o custo de vida. Lula tem tentado minimizar a situação sugerindo que os consumidores comprem apenas produtos mais baratos, mas essa solução ignora a realidade dos milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza.

Para tentar conter a crise política, Lula tem feito mudanças estratégicas no governo, como a nomeação de Gleisi Hoffmann para um cargo-chave na Secretaria de Relações Institucionais. Além disso, ele tem adotado uma estratégia de polarização direta com Bolsonaro, enquanto evita embates com Tarcísio de Freitas, que tem mais de 60% de apoio popular. Outro tema abordado foi a gestão de Dilma Rousseff no banco dos BRICS, que enfrenta crises frequentes, incluindo a alta rotatividade de funcionários e a dificuldade em atingir metas institucionais. O entrevistado questiona sua qualificação para o cargo, considerando seu histórico de gestão econômica no Brasil.

A entrevista também aborda a polêmica sobre a Petrobras, que está prestes a distribuir bilhões em dividendos enquanto mantém dívidas significativas com governos municipais e estaduais. Além disso, há um debate sobre a Reforma Tributária, que só terá seu real impacto sentido em 2033, quando os estados e municípios poderão definir suas próprias alíquotas. O risco é que a alíquota básica de 26,5% seja superada, gerando uma carga tributária ainda maior para empresas e consumidores.

No cenário internacional, o entrevistado discute a política migratória dos EUA e o lançamento do programa “Gold Card” de Trump, que concede residência para estrangeiros que investirem 5 milhões de dólares no país. Também há um debate sobre a decisão da Defensoria Pública de questionar o uso de reconhecimento facial nos blocos de Carnaval em São Paulo, o que, segundo o jurista, é um equívoco, já que essa tecnologia é essencial para a segurança pública.

Outros temas relevantes incluem a proibição do mototáxi em São Paulo, medida defendida pelo entrevistado devido aos riscos para passageiros e motoristas; a possível classificação do PCC como uma organização terrorista global pelos EUA, o que poderia resultar em sanções econômicas contra o Brasil; e o lançamento da nova edição do Código Tributário Nacional, que traz atualizações essenciais para profissionais do direito e da economia. A entrevista termina com reflexões sobre o uso do “juridiquês” no Brasil e a importância de tornar a legislação mais acessível ao público.

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